Anãs marrons: os objetos mais incomuns e intrigantes do universo
Anãs marrons são objetos celestes que têm um tamanho entre o de um planeta gigante como Júpiter e o de uma pequena estrela. De fato, a maioria dos astrônomos classificaria qualquer objeto com entre 15 vezes a massa de Júpiter e 75 vezes a massa de Júpiter como uma anã marrom. Esses objetos são chamados de "estrelas fracassadas" porque eles não conseguem atingir a massa crítica para iniciar a fusão nuclear do hidrogênio em seus núcleos, o que é o que faz as estrelas brilharem. Em vez disso, eles emitem uma luz fraca e avermelhada, que diminui com o tempo, à medida que eles esfriam.
As anãs marrons são muito difíceis de serem observadas, pois elas são muito fracas e muito pequenas para serem vistas a olho nu ou com telescópios ópticos. Elas só podem ser detectadas por meio de instrumentos que captam a radiação infravermelha, que é a faixa do espectro eletromagnético que corresponde ao calor. Mesmo assim, elas são muito raras, pois estima-se que existam apenas uma anã marrom para cada 100 estrelas na nossa galáxia.
Até recentemente, os astrônomos acreditavam que as anãs marrons se formavam da mesma forma que as estrelas, ou seja, a partir do colapso gravitacional de nuvens de gás e poeira interestelares. No entanto, um novo estudo, sugere que algumas anãs marrons podem ter uma origem diferente, mais parecida com a dos planetas.
O estudo, liderado pelo astrônomo Claudio Zamora, do Instituto de Astrofísica das Canárias, na Espanha, analisou uma anã marrom chamada 2MASS J02495639-0557352, que orbita uma estrela anã vermelha a cerca de 120 anos-luz da Terra. Os pesquisadores usaram o instrumento CARMENES, instalado no telescópio de 3,5 metros do Observatório de Calar Alto, na Espanha, para medir a composição química da anã marrom e da estrela. Eles descobriram que a anã marrom tinha uma abundância muito maior de lítio do que a estrela, o que é incomum, pois o lítio é um elemento que tende a ser destruído pela fusão nuclear nas estrelas e nas anãs marrons mais massivas.
A explicação mais plausível para essa diferença, segundo os pesquisadores, é que a anã marrom se formou como um planeta gigante, a partir do disco de material que girava em torno da estrela recém-nascida. Esse disco teria uma temperatura mais baixa do que a nuvem interestelar original, o que permitiria a preservação do lítio. Depois, o planeta gigante teria crescido ao longo do tempo, absorvendo mais material do disco, até atingir a massa de uma anã marrom. Esse processo é chamado de acreção, e é o mesmo que deu origem aos planetas do Sistema Solar.
Essa descoberta lança uma nova luz sobre a natureza e a diversidade das anãs marrons, que podem ter origens diferentes, dependendo do ambiente em que se formam. Isso também levanta a questão de como definir e classificar esses objetos, que podem ser considerados estrelas fracassadas ou planetas gigantes, dependendo do ponto de vista. Além disso, essa descoberta pode ter implicações para a busca de vida extraterrestre, pois as anãs marrons podem ter luas ou planetas em suas órbitas, que poderiam abrigar condições favoráveis à vida.
As anãs marrons são os objetos mais estranhos do universo, pois elas desafiam as categorias tradicionais da astronomia. Elas são uma prova de que o universo é mais complexo e surpreendente do que imaginamos, e que ainda há muito a ser descoberto e compreendido sobre a sua formação e evolução.
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